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A segurança do trabalho está ligada ao produto final?

A segurança do trabalho está ligada ao produto final?

Produto Final e a Segurança do Trabalho

Recentemente fiz uma enquete no Linkedin perguntando qual o maior vilão da gestão de saúde e segurança do trabalho.

Em primeiro lugar ficou a resposta “ser vista como área indireta não ligada ao produto final”, vamos analisar essa questão.

Excluindo as atividades de consultorias em segurança do trabalho, a segurança não é de fato o produto final, algo tangível, mas ela está em toda a cadeia de produção, desde o recebimento da matéria prima, até a saída do produto acabado, seja ele qual for.

Vamos imaginar o seguinte cenário: comprei uma carga de matéria prima, o material saiu do fornecedor e passou a ser de minha propriedade no transporte, como determina a lei em alguns casos, se esse material chega na empresa sem nenhum problema, o fluxo foi cumprido com eficácia. Suponhamos que durante o transporte ocorra um incidente gerando um derramamento no solo, que acabou resultando em um dano ambiental, adivinhe só quem estampará a manchete do jornal, quem arcara com a reparação e eventualmente responderá por um crime ambiental?

As cifras são altíssimas, um evento desse pode determinar o fiasco lucrativo de um ano todo, sem falar nos danos à imagem da empresa. Uma empresa com a imagem manchada perde contratos e afasta investidores, já o cenário oposto, facilita e muito a relação comercial, além da relação com o governo e os órgãos reguladores.

Se isso ainda não lhe convenceu de que a segurança é parte do produto final, vamos para mais alguns exemplos:

Nos últimos anos o planeta sofreu uma série de incidentes de grandes proporções, resultando na morte de muitas pessoas e danos irreparáveis ao ecossistema. Diante disso tudo, uma frase dita por um CEO e parte de uma matéria da internet marcou bastante, conforme o

“Você não vira CEO por causa da sustentabilidade, mas deixa de ser CEO por causa dela”.

Recentemente ficou relativamente fácil mostrar que executivos deixam de ser CEOs por causa da sustentabilidade e descaso com a segurança. Um dos casos mais emblemáticos é o de Tony Hayward. Ele era CEO da BP quando, no dia 20 de abril de 2010, uma explosão aconteceu na plataforma de petróleo chamada Deepwater Horizon, matando 11 pessoas e causando um vazamento significante de petróleo. Em 18 de maio, em nome da BP, Hayward anunciou que se tratava de um vazamento pequeno. Mais tarde, no dia 27 de maio, usou a terminologia “catástrofe ambiental”. Três dias depois, comentou com um jornalista que ele “queria sua vida de volta”. O valor da ação da BP na bolsa de Londres caiu de GBP 641,80, no dia 16 de abril de 2010, a GBP 322,00, no dia 2 de julho do mesmo ano. Desde então, o valor nunca mais superou GPB 600,00.

Uma pesquisa inédita conduzida pelo SESI com 500 empresas mostra que, para 48% delas, ações para aumentar a segurança no ambiente laboral e promover a saúde de trabalhadores reduzem faltas ao trabalho. Para 43,6%, esses programas preventivos aumentam a produtividade no chão-de-fábrica e 34,8% apontam que tais ações reduzem custos. Por esses motivos, as empresas dão grande importância ao tema.

Segundo relatos de uma determinada empresa, em praticamente dez anos, a taxa de frequência de acidentes caiu de 25 acidentes por mil horas trabalhadas para 2 acidentes por mil horas trabalhadas, dentro dos padrões mundiais de segurança. Em algumas unidades, não há mais registros de acidentes. “Isso contribuiu para que reduzíssemos, em algumas fábricas, o Fator Acidentário de Prevenção (FAT), de 3% sobre a folha de pagamento, para 1,8%, uma excelente economia”. Podemos listar inúmeros casos de sucesso e empresas que obtiveram um retorno positivo do investimento em segurança (ROI), alguns estudos apontam que para cada 1 real investido em saúde e segurança, retornam 4 reais de lucro ou custo evitado.

O problema real dessa questão é que em muitos casos as empresas – entendam como liderança – enxergam a segurança como uma concorrente da produção, mas na verdade não é bem por aí. Precisamos ser produtivos e lucrativos, afinal é isso que paga o salário e mantem a economia girando, mas por que não fazer isso com segurança?

Espero ter apresentado argumentos suficientes para justificar a questão e afirmar que a segurança é sim parte estratégica (e até lucrativa!) do negócio.

Amanda Bicalho Fernandes – Analista de Consultoria – OAB/MG: 167.727

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